Telhado vermelho é uma reflexão sobre como lidamos com o mundo material e evoluímos olhando para dentro do nosso próprio ser, em liberdade, mas com o pé no chão. Uma mensagem que reforça o poder individual e o empoderamento feminino, quebrando tabus e padrões estéticos. Sonoramente este single chega marcando ainda mais a brasilidade que corre nas veias da Fish Ventura, sem deixar de trazer a nostalgia do reggae/pop brasileiro dos anos 90 mesmo com muitos elementos sonoros inovadores presentes. A produção é do icônico Fredi Chernobyl e as gravações foram feitas todas no Aerotullio, estúdio clássico de Florianópolis-SC.
A Letra
A letra foi influenciada por observações de como escondemos nossos medos, passados e angústias. Criando máscaras e às vezes esquecendo do valor da nossa própria existência.
Muito mais fácil do que se colocar embaixo das cobertas e não sair de lá em um dia depressivo ou de chuva é se esconder atrás da materialidade das coisas. A reflexão dessa música nos propõe a indagação de: Quanta vida existe em uma riqueza ou um bem material sem o tato humano. Sem o cuidado diário, sem usufruir de vida.
Essa letra foi escrita a muito tempo, apesar do tema ser bem atual. Creio que essa indagação veio à tona na grande massa, com o podcast “A mulher da casa abandonada” de Chico Felitti.
Mesmo a letra não tendo relação ao podcast, ao escrever parte da letra e, extremamente desconfortável com a situação de mansões, casas de famosos e cantores que se deterioram no Brasil por falta de vida, manutenção e ao se deparar com temática ainda em 2020. Robson Black trás nessa letra a provocação de questionar onde colocamos nossa força e energia. A frase “O brilho dos móveis só vem de você lustra” pode ser bobagem, quando observada superficialmente, mas nesse tempo todo durante a produção, gravação e concepção geral da ideia ela ganhou grande peso em nossas vidas. A gente passou, como banda, a olhar essa letra de uma forma intimista. com o tempo a gente vai identificando os telhados que vamos pintando de vermelho para esconder o sangue que a chuva trás em nossas vidas, escondendo nossa verdade, nossos defeitos ou nosso lado “negativo” aos olhos dos outros.
Eu citei o podcast anteriormente pois desde os tempos de escravidão, tratamos mulheres, muito mais como objetos. Quem tem o poder também pode deixar pessoas “empoeiradas” e o pior, vemos diariamente muitas mulheres sendo usadas para desempoeirar os caprichos alheios e julgadas pelo seu corpo não ser padronizado, por hábitos criminalizados inconsequentemente por uma sociedade machista.
A capa desse single foi inspirada na capa de Índia da Gal Costa. Mas trazendo a contemporaneidade, uma nova mulher livre para ser quem se é, para ter o corpo que deseja e ser forte para entender que ninguém tem o direito de dizer o que você deve fazer, ser ou se comportar. Somos brasileirxs, querendo mostrar o poder da nossa mulher que tem identidade e batalha muito.
Data de lançamento: 16/09
Ficha técnica:
Produção musical: Dj Chernobyl
Guitarra, Vocais e Gaita: Lucas Turski
Vocal: Robson Black Bateria: Dani Citadin
Percussão: Hiago Oliveira
Vocais e Baixo: Gabriela Mafra De Araujo
Participação especial: Theo Capanema
Engenheiro de som: Tullio Capanema
Composição: Robson Black e Lucas Turski
Foto por Dani Citadin e Black
Modelo da foto @juliacaju